Filhos crescem. Rápido
demais. Eu me lembro do dia em que nosso primeiro filho nasceu. Nossa maior emoção.
Lembro que peguei aquela pequena obra prima nas mãos e pensei, num misto de
maravilhamento e pânico: como vou transformá-lo num homem?
Bem, mas como tudo o que
Deus cria é perfeito, a vida é construída dia após dia, um tijolinho de cada
vez. Para um bebê se transformar num homem são vinte intensos anos, feitos de
inúmeros dias e horas, de muito trabalho e dedicação. Assim como aprendemos a
ser pais aos poucos, aplicando intuição e informação aos desafios diários que
se apresentam, assim também nossos filhos crescem e se desenvolvem dia após dia,
sendo transformados, ao longo de finas camadas de tempo que se sobrepõem.
E, como um rio que já tem
seu percurso desenhado, nosso papel é apontar o caminho das águas, que correm
pela primeira vez, da nascente até o mar. Neste trabalhoso processo, que quiçá
nunca termine, temos o privilégio de viver uma das mais extraordinárias experiências
que a vida pode nos dar: a de acompanhar um ser humano se desenvolvendo, de embrião
a bebê, de criança a jovem, até se transformar num homem! Isto é realmente
maravilhoso! Viver de verdade a
maternidade ou paternidade tira definitivamente o epicentro de nossa vida do
nosso umbigo, e o projeta para o outro, num ato de total doação; nos faz
reavaliar prioridades e valores, e nos dá a chance de nos tornarmos pessoas melhores.
Pra quem é mãe, o negócio é
um pouco mais complexo. Filho é pedaço da gente e, mesmo que voe, continua
sendo uma parte sua que se desgarrou. Isso é uma algo realmente estranho, e
quanto mais longe o filho, mais evidente esta realidade é. Um pedaço do meu
corpo e alma voando por aí! Como é que pode? Quando eles começam a andar
sozinhos, pegar ônibus, sair à noite, etc, você tem aquela preocupação com a
segurança pública, a integridade “física e moral” deles. Mas nada que uma
comunicação virtual lacônica e paulatina não resolva."Cheguei bem.Te amo."
Quando eles fazem a mochila
e vão para o exterior, a coisa toma outra dimensão. Monitorar voos, a situação
política do país de destino, segurança, alimentação, moradia, custos, possível
choque cultural lá e aqui. Mas nada que um conversa online não faça acalmar os
ânimos, mesmo com setenta horas de fuso horário.
Mas, meus amigos, quando seu
filho diz que vai ficar incomunicável por um mês, porquê o navio aonde mora
zarpou da Oceania para um remoto país no
Pacífico, do qual nove entre cada dez pessoas cultas nunca ouviu falar; um
lugar inóspito, perdido, digno de aventuras de Robinson Crusoé ou de histórias da
época do descobrimento, aí você realmente muda de perspectiva, solta a corda e
pode, literalmente, dizer: “Meu filho, desta vez você foi longe demais!”
Há 30 anos, ir para o Japão
era muito raro. Morar fora, incomum. Agora, o mundo é o quintal desta geração,
e sua transformação de meninos em homens, o “acabamento final”, de seu coração,
caráter e comportamento, não é feito dentro de casa, mas lá fora. Os pais
permanecem no coração dos filhos e, da mesma forma, os filhos no coração dos
pais. Aonde estiverem, você também estará lá.
Prefiro não procurar o navio
no mar, com os recursos que a tecnologia me proporciona. Eu escolho confiar. Eu
escolho entregar. Os meus filhos não são meus. Eles não começaram em mim, mas muito
antes de mim, no coração do Pai. Existe um projeto maravilhoso desenhado no céu
para cada um de nós. Podemos conhecê-lo e vivê-lo, ou não. Como pais, devemos procurar
descobrir os planos e promessas de Deus para nossos filhos e os ajudar a andar
nos caminhos altos preparados para eles.
Filho, aquele que começou a
boa obra em sua vida é fiel e justo para completá-la. Ele tem aqueles que o
amam na palma de suas mãos. Ele acalma as tempestades e abre o tempo. Vai à
frente e abre o caminho. Nos livra de todo o mal. É vivo, atemporal. Universal,
onipresente, onisciente, real. Nas mãos daquele que me confiou você para cuidar
te entrego, confiando que ele tudo fará e, aonde não alcanço, estou certa de
que ele estará. Dele é o governo de todas as coisas.
Navegando no meio do
Pacífico, entre Oriente e Ocidente, achado, no centro da vontade de Deus, no
mais seguro lugar. É onde você está. Filhos são como flechas. Lançadas, no
espaço infinito, valentes, diligentes, certos do alvo que, revelado em seu
coração, alcançarão.
Meu coração, suspenso, grato
e confiante, está batendo em alto mar.
Esta poesia disse tudo sobre nós, pais e mães. Alivia meu coração!
ResponderExcluirObrigada, Socorro! Escrever também aliviou meu coração. Bjs para vcs!
ResponderExcluirQue lindo Ana! Tenho acompanhado a viagem maravilhosa do David. E tenho adorado. Bjs de mãe para mãe.
ResponderExcluirOi,Adriana! Obrigada pelo carinho de sempre! Vc é muito especial!Saudades, pra matar pessoalmente tomando um café! Bjs
ExcluirQue bom! Uma amiga colocou palavras no que sinto em relação ao meu filho, meu sobrinho, e outros que buscarão o mundo. Obrigada, Ana.
ResponderExcluirlindo demais Ana
ResponderExcluirlindo demais Ana
ResponderExcluirNão tive filhos Aninha,mas sinto um pouco assim com minha sobrinha e afilhada,que de uma hora pra outra,vou pra Romênia,tiau.Muito lindo o texto.Bjo
ResponderExcluirOi, Valéria, qnto tempo! Que bom que vc se identificou com o texto! Abços
ExcluirOi, Valéria, qnto tempo! Que bom que vc se identificou com o texto! Abços
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