terça-feira, 21 de outubro de 2014

Breve reflexão sobre o momento histórico que vivemos.




Chama a atenção, todo o tempo, o foco errado dos candidatos em ataques pessoais e não na apresentação e defesa de propostas acima da política e de partidos, visando beneficiar o povo e a nação, que, diga-se de passagem, são um só e estão acima da política. O dever das autoridades é zelar pela nação e por seu povo, ou defender suas próprias idéias, pautados na vaidade e sede de poder?
A raiz de nosso sistema político remonta séculos na história, mas o nome já diz tudo: Partido - dividido, cindido. São facções ideológicas, que levam a um eterno movimento pendular do poder, muitas vezes sem foco na nação, mas errando o alvo e defendendo verdades próprias, poderes pessoais e ideologias humanas, sem respeito ou ética para com os outros atores em cena.
Como há muito está escrito: "reino dividido não prospera", e parece claro que há mais prejuízo que lucro para todos neste sistema político dividido, rebaixado do que deveria ser o exercício da democracia. Agora pensando, é visível que, nestas eleições, o espírito de divisão que começou nos debates contaminou o país, criando inimizades e disputas até entre amigos, a ponto de alguém parafrasear a conhecida canção, dizendo: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse eleição..."
O voto é livre e secreto, vamos cada um exercer seu direito e manter a civilidade, o respeito e os relacionamentos acima das polêmicas e diferenças.
No palco, o debate político deveria ser objetivo, claro, respeitoso, com foco nas propostas, sem ataques pessoais; unidade em prol da nação. Como se configurou, mais parece encenação teatral ou briga de galo. "And the Oscar goes to..." 
Mas vale dizer que as questões em jogo são profundas e sérias e exigem conhecimento, preparo, caráter, respeito, visão de quem se candidata a liderar uma nação como o Brasil.
E será que nossa nação está ocupada em formar bons líderes, com caráter reto?
A construção do processo democrático é longa e difícil; acontece no tempo da história, no decorrer de gerações. Estamos há 26 anos da retomada da democracia, após sofrermos 25 anos de ditadura militar. São estes os recentes capítulos de nossa história.
Temos que votar hoje tendo uma visão mais ampla e objetiva da história, procurando escolher da melhor maneira que pedrinha vamos deixar, no breve tempo de nossa existência, na longa construção de nossa sociedade.
A acalorada discussão entre A e B, cada um se fazendo salvador da pátria e tentando fazer o outro vilão, é uma armadilha fácil para todos os eleitores, um empobrecimento do discurso político e das relações humanas entre autoridades que depõe contra eles mesmos, contra os brasileiros, e contra a nação. "Modus politicus" lamentável, que recai no argumento infantil e primário de culpar o outro, para tirar o foco de suas próprias responsabilidades e defeitos diante de quem assiste.
Precisamos ver o momento com um certo recuo, com mais verdade e honestidade, e menos emoção: na construção do processo democrático, os cidadãos precisam conhecer seus direitos e deveres, participar de forma ativa da vida política, social e econômica de sua nação. Precisam sair da passividade e da cultura centenária brasileira de responsabilizar o governo por todos os problemas e insucessos.
A corrupção não é política nem partidária, é humana, e está arraigada à nossa cultura desde a colonização. Pode ser vista em todas as instâncias da sociedade, não só no poder público, mas na iniciativa privada, na vida pessoal e coletiva. O ser humano é corruptível, o poder, grande ou pequeno, seduz e corrompe. Tem que haver verdade, clareza, justiça. E precisamos entender que todos nós podemos nos corromper, se é que já não estamos corrompidos. Sorry. Aquele que crê estar de pé cuide para que não caia. É também primário não reconhecer nossa própria natureza humana e sempre jogar a culpa nos líderes.
No Brasil, "tirar proveito", ser passivo como cidadão, não respeitar a lei (pra que serve limite de velocidade, por exemplo), furar fila ou pagar para alguém passar na frente seu processo, desrespeitar pedestre, idoso, ou qualquer pessoa, comprar carteira de estudante, de motorista, não se importar com o que padece na rua, na favela, achar que o menino que rouba é um vagabundo e não o fruto triste de uma sociedade injusta; são alguns dos incontáveis exemplos das nossas "pequenas" corrupções e negligências, tão arraigadas e aceitas que nem questionamos.
Será que não está na hora de limparmos de vez nossa conduta pessoal? De começarmos a mudança olhando para o nosso umbigo, e então para o próximo, sua família, seu bairro, sua cidade, e estendendo esta onda cidadã até os confins da terra? Vamos parar de culpar o governo por tudo, mudarmos e agir?
O que vc tem feito como cidadão? Sua idéia de sucesso pessoal inclui a justiça social, a igualdade, o desenvolvimento de sua nação, ou vc quer ser próspero para satisfazer seus desejos pessoais, e continuar culpando as autoridades, que vc nem respeita, por tudo?
Desculpem a sinceridade, mas acho que nosso problema é muito maior, é histórico, cultural, e precisamos começar a olhar para nós mesmos, mudar nosso posicionamento e conduta, e participar como cidadãos para que o país se desenvolva de forma justa e igualitária para todos.
A escolha nesta eleição não está fácil, sofremos por décadas de falta de exercício político e não temos líderes ideais. Mas quem sabe se mudarmos nossa história, começando por nossa casa, quintal, cidade e nação, podemos ter esperança de que lideres justos e com caráter reto venham a nos governar?
Vamos escolher bem nossos líderes e abençoá-los para que nós tenhamos uma vida justa e sossegada.