terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Consciência


Estávamos à mesa conversando; eu e dois de nossos filhos. Em nossa casa, conversamos muito com eles, e a mesa é um ótimo lugar para isto. Desde pequenos, analisamos juntos o mundo, situações e comportamentos à nossa volta, o conteúdo do que consomem (da comida à cultura), buscando sempre pautar a educação que lhes damos em princípios e valores,como principal ferramenta para forjar seu caráter.

Pois outro dia estávamos falando da memória que eles têm de seus bisavós, e o pequeno, disse: "Eu gostaria de ter aproveitado mais meus bisavós."- falando dos que já se foram com um ar, assim, meio triste.
Eu, tentando fazer uma escavação arqueológica em seu pensamento, para entender o que ele estava pensando, perguntei:  "O que você quer dizer, meu filho?"

E ele, de seus 10 anos, ainda incompletos, disse: "Quando convivi com meus bisavós, eu era muito pequeno, não tinha consciência de quem eles eram, nem de que um dia eles iriam embora para sempre! Se soubesse teria aproveitado mais deles!"

Buscando presença de espírito para sair bem da situação, eu quis valorizar sua experiência, mostrando o outro lado da moeda. E disse: "É verdade, meu filho, você era muito pequeno, não tinha como perceber as coisas de forma diferente. Mas podemos ver tudo de mais de um ângulo: se você parar pra pensar, vai ver que é um menino privilegiado, pelo simples fato de conviver com seus bisavós. Hoje, as pessoas estão casando cada vez mais tarde, quando casam; tendo filhos ainda mais tarde, quando têm, o que aumenta muito a distância entre as gerações. Por isto, muitas crianças não conhecem nem os avós, ou convivem por pouco tempo, o que se dirá dos bisavós. Então, o seu caso é uma excessão, você conheceu e pôde conviver com vários de seu bisavós. Não é bacana?

Diante deste "arremate na costura", parece que o pequeno saiu aliviado e mais animado.