sábado, 14 de agosto de 2010

Sobre Lisboa com as gaivotas
















              Há um lugar sobre os telhados, ainda mais alto que a mais alta fortaleza. Dali se descortina o dia, e o céu  da manhã lança focos de luz dourada sobre a cidade que desperta. A voz de Lisboa canta a beleza profunda, silenciosa e triste deste país. Arco-íris diversos se alternam no horizonte da cidade, rememorando eterna aliança. Uma chuva ligeira passa.Gaivotas, como sentinelas do ar, conduzem meu olhar, e me ensinam a descobrir a cidade sobre os telhados. Para onde vão? De onde vêm? Que desenho fazem na corrente de ar? Meu voo é com o olhar. 
           Não conheço toda a história. Da arquitetura, pouco sei. Como folha em branco, inicio agora meu saber. Não preciso descer à cidade. Daqui, tudo o que importa, sei. E o Tejo, como não amá-lo? Ele mais parece um mar. Sobre a ponte, carrinhos como formigas vão e vêm. As balsas mansamente levam e trazem gente a trabalhar. O bonde amarelinho mais parece um poema. Há uma sinfonia silenciosa que a cidade toca. A cidade é ritmo, mansidão, cadência. Cada pessoa, avião, carro, trem, em seu movimento cotidiano, é uma nota desta composição.
               A luz desenha (ora esconde, ora revela), detalhes e o todo deste grande cenário.
          Do alto, o Criador comanda a natureza. Desenha, em amplas linhas, a grande cena humana. Lá embaixo, cada um escreve sua própria história. Para que haja Paz, há que se alinhar nosso coração ao Dele, ou o homem se perderá em seu próprio caminho.

               Há uma mansidão, uma simplicidade e um silêncio únicos. O sol tenta aquecer, mas é ainda inverno. Os telhados, de sol e de chuva, agora brilham. Tijolo sobre tijolo, tempo sobre tempo, vida sobrevida, a cidade foi assim constituída.
              Os sinos seguem marcando, de forma discreta e constante, o tempo que, aqui, não acelera. As casas da Alfama se conformaram lado a lado, como eternas irmãs. Seus sótãos e telhados, montados como um grande Lego, apontam, simultâneos e agudos, para as inúmeras faces dos pontos cardeais. Roupas brancas, como bandeiras, secam nos varais.

             As gaivotas seguem sua rota transparente e secreta. A vida, em seu sentido essencial, verdadeiro e mais profundo, reina.
           Onde há lágrimas não pode haver palavras. Apenas respiro Lisboa, e permaneço imersa, em profunda contemplação.

Lisboa, 19 de fevereiro de 2010

4 comentários:

  1. Ana querida,
    seu texto está lindo...até coloquei um fado para tocar.
    Beijo.

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  2. Corrigindo...

    Somente uma Mulher que tem no coração as Artes de DEUS para escrever tais Entre linhas...Você Aninha é nossa Bonequinha Holandeza!
    Que DEUS continue iluminando este coração tão lindo que você tem.
    Amamos muito vocês!
    É um presente de DEUS tê-la como Amiga....
    DEUS ABENÇOE GRANDEMENTE!

    obrigada pela doçura de sua Amizade

    Carlos e Cidoka (hehehe)

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  3. Ana, adorei a idéia do blog ...
    um lugar muito íntimo e especial pra colocar as coisas mais queridas, que escrevemos, vivemos e...
    adorei, sempre passarei por aqui, pra me inspirar, buscar motivos pra estar entre vocês, pessoas muito queridas que a qual devoto meu carinho.
    abraço
    marlem

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  4. ANA
    QUE BOM SABER QUE GOSTAS DE EXPRESSAR ATRAVÉS DA LÍNGUA ESCRITA. NÃO É ILUSICIONISMO,PORTANTO CONSEQUES SER SONHADORA EM MEIO A REALIDADE, E ISTO FAZ COM QUE VOCÊ DESAFIE AS ADVERSIDADES DA VIDA E CONQUISTE SEU ESPAÇO.
    """""""continue assim, mulher Vitoriosa"""""""""
    ..................rosineia.......................

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