Há um lugar sobre os telhados, ainda mais alto que a mais alta fortaleza. Dali se descortina o dia, e o céu da manhã lança focos de luz dourada sobre a cidade que desperta. A voz de Lisboa canta a beleza profunda, silenciosa e triste deste país. Arco-íris diversos se alternam no horizonte da cidade, rememorando eterna aliança. Uma chuva ligeira passa.Gaivotas, como sentinelas do ar, conduzem meu olhar, e me ensinam a descobrir a cidade sobre os telhados. Para onde vão? De onde vêm? Que desenho fazem na corrente de ar? Meu voo é com o olhar.
Não conheço toda a história. Da arquitetura, pouco sei. Como folha em branco, inicio agora meu saber. Não preciso descer à cidade. Daqui, tudo o que importa, sei. E o Tejo, como não amá-lo? Ele mais parece um mar. Sobre a ponte, carrinhos como formigas vão e vêm. As balsas mansamente levam e trazem gente a trabalhar. O bonde amarelinho mais parece um poema. Há uma sinfonia silenciosa que a cidade toca. A cidade é ritmo, mansidão, cadência. Cada pessoa, avião, carro, trem, em seu movimento cotidiano, é uma nota desta composição.
A luz desenha (ora esconde, ora revela), detalhes e o todo deste grande cenário.
Do alto, o Criador comanda a natureza. Desenha, em amplas linhas, a grande cena humana. Lá embaixo, cada um escreve sua própria história. Para que haja Paz, há que se alinhar nosso coração ao Dele, ou o homem se perderá em seu próprio caminho.
Há uma mansidão, uma simplicidade e um silêncio únicos. O sol tenta aquecer, mas é ainda inverno. Os telhados, de sol e de chuva, agora brilham. Tijolo sobre tijolo, tempo sobre tempo, vida sobrevida, a cidade foi assim constituída.
Os sinos seguem marcando, de forma discreta e constante, o tempo que, aqui, não acelera. As casas da Alfama se conformaram lado a lado, como eternas irmãs. Seus sótãos e telhados, montados como um grande Lego, apontam, simultâneos e agudos, para as inúmeras faces dos pontos cardeais. Roupas brancas, como bandeiras, secam nos varais.
As gaivotas seguem sua rota transparente e secreta. A vida, em seu sentido essencial, verdadeiro e mais profundo, reina.
Onde há lágrimas não pode haver palavras. Apenas respiro Lisboa, e permaneço imersa, em profunda contemplação.
Lisboa, 19 de fevereiro de 2010
Ana querida,
ResponderExcluirseu texto está lindo...até coloquei um fado para tocar.
Beijo.
Corrigindo...
ResponderExcluirSomente uma Mulher que tem no coração as Artes de DEUS para escrever tais Entre linhas...Você Aninha é nossa Bonequinha Holandeza!
Que DEUS continue iluminando este coração tão lindo que você tem.
Amamos muito vocês!
É um presente de DEUS tê-la como Amiga....
DEUS ABENÇOE GRANDEMENTE!
obrigada pela doçura de sua Amizade
Carlos e Cidoka (hehehe)
Ana, adorei a idéia do blog ...
ResponderExcluirum lugar muito íntimo e especial pra colocar as coisas mais queridas, que escrevemos, vivemos e...
adorei, sempre passarei por aqui, pra me inspirar, buscar motivos pra estar entre vocês, pessoas muito queridas que a qual devoto meu carinho.
abraço
marlem
ANA
ResponderExcluirQUE BOM SABER QUE GOSTAS DE EXPRESSAR ATRAVÉS DA LÍNGUA ESCRITA. NÃO É ILUSICIONISMO,PORTANTO CONSEQUES SER SONHADORA EM MEIO A REALIDADE, E ISTO FAZ COM QUE VOCÊ DESAFIE AS ADVERSIDADES DA VIDA E CONQUISTE SEU ESPAÇO.
"""""""continue assim, mulher Vitoriosa"""""""""
..................rosineia.......................